Política

Bolsonaro falando de democracia é com assassino falando de vida, diz presidente do PT

Artigo do ex-presidente na Folha de São Paulo foi amplamente criticado em todo o país

Da Redação

Segunda - 11/11/2024 às 11:35



Foto: ABr | Felipe L. Gonçalves/Brasil247 Gleisi Hoffmann (PR) reagiu fortemente à publicação de um artigo de Jair Bolsonaro (PL)
Gleisi Hoffmann (PR) reagiu fortemente à publicação de um artigo de Jair Bolsonaro (PL)

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, reagiu com veemência ao artigo de Jair Bolsonaro publicado na Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (11). Em uma declaração contundente, Gleisi comparou a defesa de Bolsonaro pela democracia a uma "ironia cruel", dizendo: "Ler na Folha que Jair Bolsonaro defende a democracia é como ler um artigo de um assassino defendendo o direito à vida".

A deputada criticou ainda a postura editorial do jornal por ceder espaço a um político que, segundo ela, esteve à frente de uma tentativa de golpe contra o presidente Lula e as instituições democráticas brasileiras. "É repugnante essa tentativa de normalizar um extremista", afirmou, reforçando que Bolsonaro representa uma direita radical que dissemina ódio e promove violência contra qualquer opositor.

O artigo de Bolsonaro, intitulado "Aceitem a democracia", é uma tentativa de reposicionamento político, onde o ex-presidente defende valores conservadores, como a ordem, liberdade econômica, respeito às famílias e à religião. Ele argumenta que a "onda conservadora" que levou candidatos de direita à vitória em países como Estados Unidos e Argentina reflete um desejo popular por estabilidade e preservação de valores tradicionais. A defesa de Bolsonaro se coloca, assim, como uma oposição àquilo que ele descreve como um risco autoritário vindo da esquerda.

Contudo, a publicação do ex-presidente foi amplamente criticada. Para seus opositores, o artigo é uma estratégia calculada para reabilitar sua imagem e se apresentar como um defensor da democracia, mesmo com as graves acusações que pesam sobre ele. Bolsonaro está prestes a ser formalmente acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto em um ataque coordenado contra as instituições democráticas. Na ocasião, planos de sequestro de líderes políticos, incluindo o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes, foram descobertos, revelando a gravidade do episódio.

No artigo, Bolsonaro inverteu a narrativa sobre a relação da direita com a democracia, ao afirmar que é a esquerda que não aceita resultados eleitorais que lhe são desfavoráveis. Citando casos como a situação na Venezuela e a polarização nos Estados Unidos com o retorno de Donald Trump, ele argumenta que a esquerda tem demonizado a direita e silenciado as vozes contrárias por meio do "aparelhamento midiático", insistindo que a liberdade de expressão deve prevalecer.

A polêmica gerada pela publicação reflete o clima de polarização política no Brasil, especialmente com o ex-presidente tentando reconquistar espaço político, enquanto ainda enfrenta investigações sobre seu papel nos eventos de 8 de janeiro.

A decisão da Folha de S.Paulo de publicar o artigo de Bolsonaro gerou reações imediatas e enérgicas, principalmente nas redes sociais. Críticos apontam que permitir que Bolsonaro utilize um espaço de expressão em um dos maiores jornais do país é, de certa forma, “normalizar” um discurso que muitos consideram uma ameaça à democracia. A escolha editorial foi interpretada como uma movimentação perigosa que pode abrir precedentes para a legitimação de lideranças autoritárias e antidemocráticas.

Nas palavras de Gleisi Hoffmann, que simbolizam o tom da crítica, a publicação de Bolsonaro em defesa da democracia “é um atentado à memória do país” e representa uma tentativa de apagar da história recente os fatos associados a ele.


Fonte: Brasil 247

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