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Materiais de energia limpa podem ser problema futuro, diz pesquisadora

A um ano da COP30, especialistas defendem economia circular

Da Redação

Terça - 12/11/2024 às 09:15



Foto: Jamil Bittar/Direitos reservados Materiais de energia limpa
Materiais de energia limpa

A pesquisadora e professora Beatriz Luz, presidente do Instituto Brasileiro de Economia Circular, alerta que não se pode desenvolver novas tecnologias sem pensar no destino dos materiais após o fim de sua vida útil. Ela destaca essa preocupação como um tema crucial para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em novembro de 2025.

Durante o festival de tecnologia REC’n’Play, no Recife, Beatriz organizou o Brazilian Circular Hotspot, chamando a atenção para a importância da reciclagem. A pesquisadora enfatiza que a circularidade implica em pensar no ciclo completo dos materiais, incluindo seu uso e descarte: “A mensagem da circularidade é que não se pode desenvolver novas tecnologias sem pensar no que acontece depois com os materiais”.

Como exemplo, ela menciona as paredes eólicas e painéis solares, que são considerados geradores de energia limpa, mas que também exigem um planejamento adequado para o seu destino quando atingem o fim de sua vida útil. A proposta de Beatriz é promover um olhar mais amplo sobre o planejamento sustentável, mostrando que todas as partes do processo estão interligadas.

Ela acredita que o tema da economia circular pode ser fundamental para impulsionar as discussões sobre o combate às mudanças climáticas. Reutilizar, recuperar e reciclar materiais e energia são estratégias essenciais para regenerar o planeta, proteger a biodiversidade e reduzir a poluição e os resíduos.

Beatriz também defende que a transição para a economia circular exige uma mudança no “modelo mental” da sociedade, tanto na forma de produzir quanto na de consumir. Para isso, é necessário o engajamento do poder público para criar diretrizes que incentivem a produção de produtos circulares, além de incentivos fiscais e políticas favoráveis. A indústria também precisa se engajar e perceber as oportunidades de trabalhar com materiais recicláveis.

Ela cita exemplos da Europa, onde a legislação exige que os produtores de energia renovável se responsabilizem pelo descarte ou reaproveitamento dos equipamentos usados para distribuir energia limpa. Caso contrário, alerta Beatriz, a solução para os combustíveis fósseis pode simplesmente transferir o problema para outro local, sem o resolver de fato.

O economista ambiental Arno Behrens, do Banco Mundial, também participou do evento e defendeu a necessidade de financiamento de bancos multilaterais para ações de economia circular. Ele destacou que, embora as mudanças climáticas sejam um tema amplamente discutido, a economia circular ainda não recebe a devida atenção. Behrens ressaltou que políticas de economia circular podem contribuir para a redução de emissões de CO₂ em mais de 7% até 2030, o que torna essa estratégia essencial para atingir as metas climáticas globais.

O especialista finlandês Kari Herlevi também comentou sobre o potencial do Brasil em ser um exemplo para outras nações da região, destacando o poder da inovação local. Ele acredita que o evento no Recife contribui para a preparação para a COP30, que será realizada em Belém, e que o Brazilian Circular Hotspot é um ponto estratégico para inovação e sustentabilidade, capaz de inspirar o mundo com soluções tropicais e brasileiras.

Esse movimento reflete a crescente importância da economia circular como uma abordagem estratégica para um futuro mais sustentável e alinhado com os desafios das mudanças climáticas.

Fonte: Agência Brasil

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